23 de abril de 2025

Salve Jorge filho de Ogum

eu fui, pedi e ele me fez vitoriosa na guerra 
agora peço humildemente que eu saia vitoriosa da batalha comigo mesma, que eu me mantenha no caminho da paz, da retidão, do amor e da prosperidade, que eu não tenha nem medo de lutar pelo que quero, pelo que me é de direito 

que Ogum quebre as demandas e me acompanhe pela floresta, que me lembre sempre de agradecer, de olhar para o topo das árvores, e amar quem eu sou

que eu me torne alguém melhor, que seja resiliente e vença calada, que nao tema mal algum, e em preces sigo nessa quarta de Ogum, save a Jorge me proteja com tuas espadas

Ogum nhe 

18 de abril de 2025

adeus enigma

 um dia depois de escrever aqui pela última vez, aliais depois de muito tempo, eu recebi o que vinha pedindo. 

na manhã de segunda-feira 14/04/2025 eu encerrei um ciclo que foi feliz, muito feliz até que não foi mais. até que me adoeceu ainda mais. mas, isso agora é passado. 


e eu sou um passaro novamente pronto pra voar. 

eu ainda não sou eu de novo, faltam alguns pedaços, mas folha a folha, eu me levanto, inteira, melhor, mais verde, mais viva e frutificando mais. 


diminui o litio e em fase de troca da fluox, tenho percebido muito mais instabilidades, tenho estado também menos apática e bem bem mais sentimental, o que é novo. minha cabeça ainda demora pra processar pedidos, mas aos poucos vamos treinando e melhorando. 


depois do d.cutrim, meu foco é um tal que gosta de escrever livros e consertar pessoas 

eu invento histórias impossíveis, eu gosto da impossibilidade, do que não dá, do que não é possível, do que não pode, do que não dá, não pode e nem dá pra ser, por isso faz sentido que eu ocupe a mente com coisas desimportantes que não sou capaz de alcançar, ser ou estar 


hoje é sexta-feira da paixão, senti um leve pesar e um nó na boca do estomago o dia todo, uma angustia, mas sem ansiedade, uma calmaria só, faltou energia e me permiti só deitar e estar


mas, como sexta e como a muitas sextas não fazia banhei-me pra Oxalá, acendi a vela branca, acabei de dar conta que a vela quase apagando não estava acompanhada do copo d'água, corri enquanto a vela ainda arde viva, envolta do boldo que usei pro banho e do defumador queimado até o fim, e botei o copo pro pai oxalá, dono da sabedoria.


que no banho se vá todas as energias negativas, o cansaço, o ódio, o que não presta e não me serve
que limpe minha cabeça, meus pensamentos e me acolha em sua grande sabedoria


'se custar a minha paz, já custou caro demais'

que eu caminhe rumo a Cristo, rumo a Paz, rumo a luz, ao que é bom, ao que é e me tornará capaz de crescer como pessoa, profissional e mãe

que eu encontre a felicidade nas pequenas coisas, nos pequenos momentos, que eu exija menos daqueles que amo, que critique menos, que esteja mais presente, mais inteira, mais eu 


eu sempre soube que ia sentir saudades da enigma, e já começo a sentir, foi um prazer trabalhar atendendo os clientes de uma árvore frutífera como a macieira, rs

se não tiver piada ruim, nem compensa voltar a escrever né

sabe, eu sentia falta até disso, dessa certeza e segurança de escrever pro meu eu de amanhã livremente, é muito bom ser vintage, ninguém passa por essa rua, seu tranca rua protege e eu publico tudo, com cara e nome e coragem


até mais e obrigada pelos peixes, ótimo dia pra essa vai! 
sexta-da-paixão-pessoal-não-come-carne-hahaha

13 de abril de 2025

Sobre LINKIN PARK e Morte

 Um mês depois do show do Forfun, aquele show que mudou a minha vida, que mudou os trilhos, que abriu e pertubou minha mente, e ainda assim me libertou, o linkin park também voltou exatamente um mês depois, no mês do meu aniversário


e sim, todo mundo, qualquer um pode achar coinciência, mas não eu


e essa música? e essa nova música? tão exatamente agora, tão rente, tão faca no gume, tão exatamente isso que tô vivendo 


assim como sempre foi desde a primeira vez que descobri linkin park de um cd roubado atrás do prédio, um dos cds esquecidos pelos cantos, um dos cds que os caras não queriam, e até brincavam dizendo que uma das músicas tinham meu nome e me chamavam "numb" a irine hooo".... 
 


eu entendia bem o inglês, mas minhas irmãs, além de serem mais artisticas que eu e mais prolixas no inglês, também eram mais afinadas.... 

mas, sempre tive a proeza de escutar bem as notas e ser técnica e brincar bem com as notas, e então cantando muito mal, o Félix, o cara que manjava tudo de música perguntou se eu tinha ouvido 'mágico' eu não sabia o que era isso, mas Rosana respondeu por mim, que eu não tinha como saber, mas que tinha dedos longos, e que achava que eu tinha dons pra produção, e foi assim, que comecei a reger, eu entendia cada uma das notas, cada uma existia por um motivo, mas a voz, ah a voz me faltava... e parece que agora ou na verdade me parece que isso sempre fez sentido

e agora essa moça nova canta somewhere i belong e euu honestamente achei bem bom


o Mike foi claro, no lugar do Chester, todos nós, nossas vozes e almas, e acho que não por acaso, todos amanheceram atacando a moça por crawling, mas faz muito muito sentido 


ninguém sentia mais essa que ele e tudo bem, ela não é ele e nem precisa ser


repetindo, um dia voltando da escola um dos meninos do meu prédio roubou um carro e achou um cd pirata do linkin park, e quando ouviu pensou em mim e mais achou que o cd ou a música me chava, como se falasse "Tairineoooooh", e me mostrou, eu coloquei logo após chegar da escola pra tocar e sentada no chão do terceiro andar, meu coração parou por sem dúvida mais que um segundo e eu soube que meu coração ali batia 

foi. foi por um nóia, foi por um carro roubado, que a minha vida mudou. o linkin park deu sentido pra tudo que eu sentia. eu não me sentia mais sozinha. e eu fui muito julgada... naquela época era feio ser triste, era triste dizer a verdade, era normal que todos fossem felizes e alegres e nunca pensassem em morrer, ou em quão tristes ou sozinho se estava... 

eu fiz do linkin park meu emb.lema, e tudo que dizia respeito a LP era ligado a mim, e sim, foi pesado por muito tempo, depois ficou mais fácil, e depois me obrigavam a ter vergonha de quem eu era e fui e do que senti, mas ainda assim, tudo sempre fez sentido aqui dentro 


e depois de um lógico afastamento, pelo D. por mim e pelo Jay-Z, em 2020 quando Catarina nasceu exatamente na mesma data de nascimento do Chester não tinha, assim como não tem na minha cabeça hoje, como negar que a vida quer me mostrar algo, que quer me dizer pra não ter vergonha e ensinar que eu posso sim ressignificar tudo que foi


e foi o que a espiritualidade me disse essa semana, e alíais o que sempre quis me dizer, não ter vergonha de quem eu sou, do que eu sinto, do que eu quero e do que eu sei. 


que eu banque mais, que eu saiba mais, que eu banque mais. 

eu sei exatamente quem sou. é isso. eu sei exatamente quem sou. e sim, nem sempre vai agradar. nem sempre vai ser exemplo, nem sempre vou me orgulhar do que fiz, faço ou posso fazer... ainda assim, que eu tenha o direito de ser quem sou, de errar o que tiver que errar e ser quem quiser ser. 

feliz, livre, solta, pronta pra dançar, sem medo do espelho, sem medo da massa, sem medo do peso. 

leve. livre. 

devolvendo e soltando tudo que não é meu. 

eu to livre e leve, eu tô pura e inteira, eu só só minha 

e eu me amo, e eu me vejo e eu sei quem eu sou 


eu me liberto de cada desamor, eu me liberto de cada dor, e me permito voar, respirar e viver, eu me permito rir, eu quero, eu quero me ouvir rir, 


tem alguém gargalhando além de mim

Vai Jay-Z

Ria mais alto 

Escrito em 11/09/2024 02:25

EPÍLOGO

nesse mesmo dia eu nao quis mais viver, eu não vi por instantes mais sentido e tentei a todo custo não estar aqui, nesse plano, desse lado. 

De lá pra cá tantas coisas aconteceram, eu piorei, eu melhorei, eu morri, eu renasci, eu acho mesmo que era isso, eu queria demais viver, mas pra que eu pudesse viver, um tantão de coisas ruins em mim tinham de morrer, e se foram, como eu me pergunto sempre, mas ontem 13/04/2025 eu estou viva, olhando pela janela árvores enormes balaçando suas copas, me sentindo feliz, livre, grata e amada. 

Que bom que um dia eu criei um blog, que bom que eu não apaguei, que bom que eu não tenho vergonha que me leiam, e que saibam ou que vejam, essa história morreu junto o que o que precisava ter morrido. 

<3

17 de março de 2024

clarisse


 

2019 - eu estava grávida. uma gestação não planejada, muito menos desejada. sim. eu sei, parece cruel. mas, é isso, não dá negar o que foi. 

eu ouvia algumas músicas no repeat 


essas quatro músicas resumiam meu estado de espírito, minha letargia, minha quase vida, eu só sobrevivia, eram tempos difícies, talvez igualmente difíceis aos de hoje, a diferença é que eu não pedi ajuda, nem contei pra ninguém, só vivi dias calada, dias sozinha, e me isolei ainda mais. solitária, infeliz. 

e só com quase 30 semanas que tudo mudou, que consegui acordar, levantar, escovar os dentes e pegar trem e metro, interagir, e ouvir. 
ouvir é uma dádiva, eu falo muito, sou prolixa ao extremo, me arrependo das pavras ditas e engulo muito antes de dizê-las. eu sei, eu sou cruel, eu sei ser cruel. 

eu sei ser escrota, e talvez tenha merecido o tanto de silencio, de raiva e de mágoa projetados 
mas, catarina mudou tudo, não sem antes me fazer quebrar alguns pratos e um celular. 

ela chegou, tudo mudou. tudo fluiu

quatro anos depois estou aqui, sozinha de novo, amaldiçoada pelas palavras ditas, pelas mágoas derramadas, pela mesquinhez vomitada

e tudo bem. depois de anos tomei coragem e banquei 
e é isso.
e eu sei o que valho 
eu sei que sei ser cruel, eu sei que sei machucar, e sei que fiz 
mas, engoli tanto, mas me magoei tanto, mas passei tanto pano, e tantas lágrimas enxuguei e segurei que sim, desabei
da pior forma, grande, profunda, público, despejei pro mundo, um tanto de suco gástrico, um tanto de sangue e suor, um tanto de merda e bilís, muita bilís - afinal eu não tenho mais vesícula 

e tá tudo bem. tá, talvez não esteja tudo bem, mas vai ficar. 
e tá tudo bem, hora ou outra tinha que acontecer, hora ou outra eu tinha que botar pra fora 

eu já disse. eu sou bipolar, e chega, chega de achar que eu vou reagir sempre como você reagiria, chega de segurar pontas não fumadas, chega de passar pano sujo no chão

eu não sei o que vai ser, e sim, eu me arrependi de cada palavra proferida. e honestamente eu lembro bem pouco do que aconteceu, lembro pouco do que rolou, do que nos fez chegar aqui, mas apesar de odiar ter te magoado, mantenho a certeza de que reagi ao que me foi imposto. e dane-se que já tenha aceiteido que me tratassem assim antes 

eu não calculei, mas meu corpo, meu fígado doente e meu cerebro bipolar me fizeram reagir 
eu não controlo, eu não controlo, eu não antevejo como vou reagir

sinto se te machuquei. mas eu estava tão ferida, tão renegada, tão... que saiu 
como vômito, como bosta, como sal em carne viva

que seja
que venha a manhã, o sol, que queime nossa pela, que queime 
que me queime, que me faça desaparecer, que evapore minhas lágrimas, que me faça soar as mágoas, o choro, a raiva, que evapore 


evaporar, já diria o ruivo (Amarante)



Clarisse - Legião Urbana (só as partes que fazem sentido agora)

Estou cansado de ser vilipendiado
Incompreendido e descartado
Quem diz que me entende
Nunca quis saber
...
Não se mexe
Não se move
Não trabalha

Calma e força, viver em dor
O que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer

Ninguém me entende
Não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever
Como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente ou inexistente

Nada existe pra mim
Não tente
Você não sabe e não entende

E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito

Clarisse sabe que a loucura está presente...
Mas esse vazio ela conhece muito bem

De quando em quando é um novo tratamento


Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
...


Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros
Seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo resistir
E vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem catorze anos (ou quatro?) - Hoje, Catarina me disse "mãe, tchau!" no mesmo tom, na mesma indiferença que usei durante toda adolescencia. Alicia logo riu, logo pediu aplauso da minha mãe, perguntando se era bom ver que sou tratada como um dia a trate. 

a mesma entonação, o mesmo revirar de olhos, a mesma cabeça baixa sem saco pra encarar ninguém. 
Todos concordaram que Catarina reproduziu uma das muitas que lancei na adolescencia. Mas, em uníssono entoaram: mas, não tão cedo. 
não com quatro

e ela nem completou quatro ainda. 
falta quatro dias. 
eu dissei, eu sabia, ela veio pra colocar tudo a prova
ultrassom, obstretrícia, minha fé, meu casamento, meu amor pelo João, minha tolerância com minha mãe e minha capacidade de passar pano pras coisas mais absurdas que ela insiste em fazer. do choro falso, da risada larga, da doçura e pedidos de colo, do amor maior que já senti, do medo mais intenso

ficou longo, misturado, ficou tairine 
ficou eu mesma, cheia de incosistências 
quase quatro é um bom nome pra um banda haha

eu que nao toco nada...

6 de março de 2024

eu sou bipolar

eu sou bipolar 


'Caio não era um suicida: menosprezava e era contra as pessoas que tinhas a indelicadeza de se matar, deixando os amigos morrendo de saudades do lado de cá. A reação era, apenas, um reflexo de febre.'

eu sei disso desde os 15, hoje tenho 32, portanto, mais da metade da minha vida sei do meu diagnóstico

um diagnóstico subestimado, pelos outros e por mim. como característica de uma bipolar tipo 2, eu sou uma pessoa com longas fases depressivas, que se confundem com minha personalidade, que é em sua natureza amável, empatica e tímida 

eu desde sempre tive muito medo de ser eu, de ser ouvida, de ser vista e ou notada, passei a adolescencia me escondendo em roupas largas e escuras, em letras tristes e livros sem fim, estava sempre devorando o mundo, com medo de ser devorada por ele

eu sempre e até hoje escuto mais que falo, e uso estimulantes pra vomitar palavras engasgadas paradas na garganta ou situações não digeridas. 

no começo era bem vexatório contar e que soubessem que eu precisava consultar com um psiquiatra, depois de um tempo virou uma situação engraçada, e que eu levava numa boa 

os remédios quase nunca fizeram efeito ou me beneficiaram de alguma forma, eu ainda os encaro como intrusos, não como amigos, e isso é ruim, isso impede que eu mantenha estabilidade em medicar-me 

em fases de mania, posso passar noites sem dormir, geralmente aficcionada por um livro, curso, tema ou série

pra em seguida esquecer por completo e agir em completo desinteresse por tudo e qualquer coisa que eu ouse me importar

os episódios de agressividade tem ficado mais constantes e intensos

eu deixe de ser alguém funcional, algo que em todo esse tempo diagnosticada me orgulhei, afora os episódios maníacos e de abuso de alcool eu sempre consegui manter uma vida funcional, apesar de nada equilibrada

mas, mal consigo colocar a casa em ordem, muito menos a cabeça

não consigo pensar racionalmente, priorizar o que é prioridade e agir

me sinto uma verdadeira ameba

tenho medo do instinto quase visceral que me bate as vezes de simplesmente sumir

tenho pensado cada vez mais e em mais formas em como deixar de existir

eu embaralho as palavras, termino frases, começando novas nas linhas de baixo, só pra minimizar, só pra esconder, só pra não dizer o que eu estou dizendo, que sim, não quero, e eu travo antes de continuar, pois não quero mais continuar

o que me impede é pensar no legado que deixarei pros meus, nos traumas que ficarão, na culpa que podem eles sem nada terem a ver com isso sentir em algum momento 

o que me impede é saber que mesmo sendo essa bosta de mãe e pessoa nesse momento, eu sou o melhor que eles podem ter; e tem

o que me impede é o medo de deixá-los 

queria ter a certeza de um plano superior e maior que os protegesse, do mundo, de mim 

queria ter a certeza e a paz de ir, sem dor, não por medo da dor inflingida a mim, mas sem causar dor neles 

roxo - pesquisar-oquesignifica 
como-me-livrar-das-lesmas-na-cozinha

27 de dezembro de 2023

Adeus PC Siqueira

 O PC Siqueira foi o primeiro Youtuber que eu conheci, através da minha amiga @ari.joliv que me contou que ele tinha tatuado uma molécula química, e eu apesar de muito de humanas desde sempre, tinha a tabela periódica no meu coração. 

Muito underground e contrariada eu timidamente procurei mais sobre ele, e descobri inclusive que tínhamos amigos em comum, vide galera de Barueri, nunca depois da minha fama de blogueira no twitter curti celebridades ou sub celebridades, minha curiosidade acabou no casal Bárbara Paz e Supla, mas vez ou outra meu caminho cruzava com as falas do PC. 

pedofilia e etc... nem sei se esse era o caso. Inclusive assumo, que faz um bom tempo que me anulo de opiniões, não quero pactuar com a branquitude

Nádia Lapa, Pitty, Mallu Magalhães, Caetano Veloso, e tantos outros que foram ou podem ser questionados. Quem não pode não é mesmo? 

Não sou juiz, tampouco advogada de ninguém

Mas, quando recebi a notícia hoje... demorou pra cair a ficha, nem sabia de sua tentativa de suic1d10 meses atrás, PC é pra mim, é hoje um desconhecido 

Que buraco no meu coração. 

Eu lembro claramente grávida do João, com a cara e a coragem e muito cansaço de um dia todo de trabalho ter pedido pro Ricardo me levar no Sesc Osasco onde Clara Averbuck palestraria, e lá ela comentou sobre PC Siqueira que apesar de controverso, tinha muito que mostrar pra os garotos em formação 

Lembrei do quarto apertado da Ana Patricia e Ariane, onde eu me refugiava por vezes da violência de um pai alcolista e violento, onde eu podia falar sem medo, onde eu tinha abraços e risadas, lembrei da Ari que está a um continente de distâcia, e de todas as vezes que desejei estar mais perto. 

Lembrei de sonhos bonitos com Dora, mãe da minha melhor amiga da adolescencia, que vez ou outra aparece pra me benzer, pra me proteger e me lembrar de quem sou eu

Lembrei que eu prometi ser mais presente pros meus amigos e família, sem nunca ser condescendente 

Eu não quero passar pano, nem a mão na cabeça de ninguém, eu não quero ser porto, nem âncora puxando pro fundo de um poço 

eu quero ser luz, eu quero ser farol, eu quero estar

PC, obrigada por todas as dúvidas plantadas em minha cabeça já muito problemática, obrigada por me fazer conceber que eu conseguiria sim ser mãe de menino. 

Desculpa não ter ficado

MASPOXAVIDA, eu queria ter feito mais. 

Fica em paz e dê um abraço apertado no Chez, eu sei que cê gostava tanto quanto eu 


Ps: ver esse vídeo de novo me destruiu. O Chester e o Linkin Park ao contrário do que os poucos adultos que me viam na adolescencia pensavam, não me incentivava a pensamentos suLi1das, mas me fazia sentir amparada, sentir comum e normal, o que sim, era muito longe de toda minha galera SUD alto astral de família bacana

A minha vida era traumática, violenta e muito, muito dura. A minha realidade era e é bem diferente do que essa galera (que eu amo) tinham e tem. Só queria que as pessoas olhassem pra além das minhas falhas, pq sim, afinal eu fiz muito, eu andei muito, eu evoluí muito, e ser perfeita não era possível, e continua não sendo. 

"Fique do lado das pessoas que você gosta, fique do meu lado, pq eu também tô do seu lado, você não está sozinho" PC SIQUEIRA 

O cenário só mudou, deixou de ser uma briga com um garoto na frente do bispado, ou num domingo de proselitismo pra ser o segurar a mão de alguém num bar, na escola ou num hospital. Eu nasci pra servir, e isso, definitivamente não me impede se sentir, de sofrer de dividir a dor ou de falhar miseravelmente em ser nobre ou santa

Estejam aí pra dividir as dores, nem sempre, nem na gestação, no parto, no puerpério ou na vida vai ser fácil e bonito, seja você, estranho, seja você abrigo. 




29 de outubro de 2023

Fragmentos do Paraíso - Jonas Mekas - 47ª Mostra de Cinema de SP

Depois de anos sem ver um filme que realmente chamasse minha atenção no cinema, eu aproveitei a Mostra de Cinema de SP no IMS pra ver Fragmentos doo paraíso, da diretora KD Davison, que trata de Jonas Mekas, pai do cinema independente americano. 


O cara é um dissidente, que não pertence a lugar nenhum a tempo nenhum, um poeta, um romantico, um historiador, gentil. 




"Por mais de 70 anos, o cineasta lituano Jonas Mekas documentou sua vida, no que ficou conhecido como seus filmes-diários. Da chegada à cidade de Nova York em 1949 até sua morte, em 2019, ele narrou o trauma e a perda do exílio ao mesmo tempo em que foi pioneiro em instituições de apoio ao crescimento do cinema independente nos Estados Unidos. O documentário analisa a vida e a obra de Mekas, a partir de milhares de horas do próprio trabalho do diretor, incluindo registros nunca vistos, e depoimentos de Peter Bogdanovich, John Waters e Martin Scorsese."



Eu ri de lado, eu chorei copiosamente, eu entendi muito de muito que já vi por aí e descobri de onde partiu, e agradeci silenciosamente a Mekas. 


Tem Lee Ranaldo, Phong Bui e Jim Jarmusch, tem o velho e o novo, tem chuva, tem Allen Ginsberg como eu nunca vi, tem Lennon e Yoko. Tem amor, tem separações, tem fragmentos de paraísos. 


tem algo que me fez escrever de novo depois de tanto tempo. obrigada Pamela Gomes por me acompanhar, por ser amiga, por ser sempre ombro, colo, ouvidos e coração. 


Obrigada Jonas Mekas por me fazer sentir de novo.